ONDULACÕES
A F. R.
«Après t’avoir créée, Dieu, l’arbitre du monde,
Dieu, le peintre suprême, en te voyant si blonde
Resta calme et pensif, et sourit vaguement.»
Jayme de Seguier
Aquellas tranças, de ouro sombreadas
En zigue-zagues fortemente unidas,
Parecem crepitar, como feridas
Por electricas chispas ateadas.
Quando as vejo agitárem-se, onduladas
Por branda arágem, rápidas, movidas,
Sinto n’alma cançoes desconhecidas,
Por divino phonographo entoadas.
Iriam-se na fronte as cambiantes
Do espectro solar — lympha sem dique,
Luz attrahente, encantos palpitantes,
Arabescos sem visos de arrebique,
C’rôa ungida dos tragos radiantes
Das cabeças dos anjos de Vandick!
1882.
Alfredo Bastos